quinta-feira, 22 de abril de 2010

Numa terra bilingue

Ok, eu já sabia. Quando dizia que vinha pra Barcelona, muita gente me perguntava se não teria problemas com o catalão e me alertava para o fato de a língua ser dominante, em vez do espanhol. Eu dizia que não e tudo bem. E tudo bem mesmo. Na verdade, nunca tive problemas. Até porque todo mundo que fala catalão também fala "castellano". Eles são naturalmente bilingues. O que é animal.

O problema é que eles são muito mais catalães que espanhóis. E aí, na hora do vamos ver, predomina o catalão. Na faculdade, por exemplo, é comum que um professor comece a falar palavras em catalão no meio da aula, ou que algum aluno faça perguntas em catalão. Entre os alunos, na aula, quase sempre rola uma parte da conversa em catalão, até que eles se dão conta e voltam ao castellano comum a todos.

Forte mesmo foi no meu trabalho. A reunião só foi feita em espanhol por minha causa, já que eu era a única que não falava a língua. Me senti um pouco mal, principalmente meu chefe começava a frase em catalão e mudava quando me via. No dia a dia, já me acostumei, entro e digo: "Bon dia", quase como em português, só que o "d" mais na ponta da lingua e saio e falo: "deu". Basicamente. Das conversas, não faço parte, porque tenho preguiça de me esforçar pra conversar. Mas entendo.

Não imagino o que seja nascer praticamente com duas línguas, mas posso ver que não deve ser nada fácil. Todo o tempo ouço perguntas do tipo: como se escreve isso em castellano? Ou constatações, quando pergunto o que significa tal palavra, "putz, não sei como se diz isso em castellano". Bizarro.

É uma língua diferente, uma cultura diferente, uma forma de falar diferente. Eles engrossam a voz quando querem ficar putos, gritam bastante e falam palavrão pra "carai". Imitações péssimas à parte, adoro os famosos "hóstia, tio", "ostras", "jolines", "me importa un pepino", fora os mais conhecidos: "cabrón", "joder, macho". Essa semana ensinei a uma espanhol do meu grupo de trabalho do Master a falar um palavrão muito particular meu. Agora ela só fala isso quando está puta. Viva o intercâmbio linguistico!



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