domingo, 2 de maio de 2010

Como minha Melissa foi parar no trilho do metrô

A vítima

"Mira, mira!"

Marcela Chacur, depois de ver minha sapatilha caída no trilho do metro, dois minutos antes do trem chegar, para um grupo de catalães que ela enxergou como a esperança de resgate.

"O trem tá chegando, o trem tá chegando!"
Eu, desesperada, depois que um dos catalães não pensou duas vezes e pulou na linha do trem para salvar a sapatilha de ser esmagada e de possivelmente causar um problema no metro.

"Como foi que eu não registrei isso? Onde foi parar minha veia jornalística?"
Adriana Moreira, indignada por não ter sacado fotos da sapatilha abandonada justo em cima do trilho do metro, nem de registrar a minha pessoa com cara de choro repetindo: "Vai amassar minha sapatilha, vai amassar minha sapatilha" e nem do semblante de herói do menino catalão depois que seus amigos o puxaram pelos braços de lá de baixo. E a galera aplaudiu.


Tentando o salto


Tudo aconteceu assim. Chegamos à estação. Faltava pouco mais de dois minutos para o trem chegar. As meninas queriam tirar fotos da minha imitação furada do salto do Chaplin. Aquele em que ele paula de ladinho e encosta um pé no outro. É sempre uma atração à parte. Tentei em Portugal, em Milão, na Barceloneta, nas Ramblas, em todo lugar onde haja um mínimo de espaço e platéia. Não consigo. E é ridículo. Consequência: diversão garantida.

A proposta: vamos tirar uma foto do seu pulinho de Charles Chaplin. No metrô. OK. Várias tentativas. Fotos borradas. Última vez. Pego embalo. Me empolgo. Corro. Salto. E vejo a sapatilha efetuar alguns giros no ar antes de cair, placidamente, em cima do trilho do trem. Enconsto na parede, inconformada. Escondo uns furos da minha meia. Nem passa pela minha cabeça saltar nos trilhos. São quase 3h da manhã. Nenhum funcionário do metrô à vista. Chega um grupo de catalães borrachos. Marcela pede ajuda. O menino não titubeia. Pula. E não volta. Celebra lá embaixo. E eu vejo a luz do trem. Desespero. Parece cena de filme. Ele é arrastado para cima por seus amigos. E eu agradeço imensamente.

Obviamente, depois de agradecimentos e risadas, veio a pergunta inevitável: como você fez pra jogar a sapatilha no trilho do trem? E, depois de contar a história, seguimos em grupo para trocar de metrô. Todos tentando conseguir fazer o famoso pulinho. Eu só fiquei olhando. E rindo.



Os heróis. O de jaqueta de couro e olho torto foi o corajoso que pulou.

Um comentário:

  1. Legal, o cara se arrisca p pegar sua sapatilha e vc legenda ele na foto como "olho torto" kkkkkkkkkk Essa é a Jaque! rsrsrsrs

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