terça-feira, 18 de maio de 2010

Do repertório e sua repercussão

Começo a escrever mesmo sem saber o que segue. Só deu vontade e me senti em dívida com o pobre blog, aparentemente deixado de lado. São os trabalhos e os trabalhos. E as viagens também, confesso, e as distrações do dia a dia. Não sou de ferro e esse deveria ser meu ano sabático, ok.

Daí vem a reflexão. Do repertório. É mais ou menos sobre como só encontramos graça nas coisas que nos fazem referência em algo. Digo isso porque vivo em mundos muito diferentes. Mas quase sempre foi assim. Desde que morava em Borborema e não me identificava com as "amiguinhas" das festas de trabalho do meu pai. Não queria socializar e ponto.

Quando saí de casa, enfrentei isso de leve. Não tinha com quem fazer brincadeiras com coisas do passado, ninguém entendia. Em São Paulo, ainda mais. Numa época, fazia pesquisas sobre como alguém dizia pano de prato (no interior em geral se diz guardanapo) ou se alguém sabia o que era errorex (o famoso branquinho). Enfim, aos poucos fui formando novas referencias e as piadas começaram a existir, uma vez mais.

Assim também no meu ex-trabalho, onde fazia um monte de brincadeiras que hoje já não fazem quase sentido, mas que eu insisto em continuar fazendo. Agora me deparo com outro desses: trabalho num ambiente absolutamente catalão, o que significa que não entendo muito mais da metade do que eles falam. E não tenho vontade de entender, o que é pior. Enfim, vivo apartada. E o mais raro, não me preocupo.

Em compensação, tenho com minhas amigas de Barcelona piadas que só nós entendemos. E já começo a me preocupar que quando quiser fazê-las ninguém vai entender... Enfim, encontraremos outras.

Afinal, essa minha vida tem sido a arte de intercalar estilos abolutamente nada a ver e conseguir sair-me mais ou menos bem em todos eles. Afinal de contas, um ano de vida na Europa não tem muito a ver com minha vida em Borborema. Nem pegar um busão cheio de baratas pra ir trabalhar na Daslu. Ou comprar uma saia em promoção na C&a pra um evento do cliente chiquetoso no Fasano.

Um sábio amigo já me dizia que o bom de vir de baixo é que é muito mais fácil se adaptar ao mundo de cima. E que o contrário é quase impossível. Acho que concordo.







3 comentários:

  1. E não é que este post me fez lembrar de inúmeras conversas que tivemos lá em casa?
    Se pá, há muita gente que precisaria de umas três vidas pra ter a oportunidade de experimentar mundos tão diferentes, Jaque.
    É isso aí, ninguém ganha docê em malemolência. E, se não me engano, essa sua saia da C&A foi confundida por uma da Clô Orozco, ou da Cris Barros, ou algo do tipo, não? hahahaha... Adoro quando essas coisas acontecem. Muito bom!

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  2. Dessa,

    Você é o maior exemplo de amiga de repertório. Quem mais lembraria dessa história? hahaha....
    E está aí do meu ladinho no fator se vira nos 30! Admiro também!

    E, Cami, você já tem mais que repertório do meu lado. E dos bons também! E divertidos! Projeto Viagem 2010! :-)

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