terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Carta à minha família


2009 foi um ano cheio de emoções...

Vivi muitas coisas boas no trabalho, viajei, fiz amigos, mudei de casa e me senti ainda mais completa, consegui realizar meu sonho de morar e estudar em Barcelona e ter uma experiência incrível, mas o que mais marcou o ano com certeza foi o fato de ter podido voltar a dividir minha vida com vocês, tão de perto. Certamente o motivo que nos levou a isso não foi dos melhores, mas ter a possibilidade de experimentar o carinho materno de me dar banho e alimentar, a atenção e a preocupação de um pai que chegava à noite do trabalho buscando por mim e a certeza de que tenho um irmão pro que der e vier, tudo isso me fez estar segura de que tenho uma família incrível. Me fez sentir novamente uma menina – eu, que sempre quis ser crescida e independente. Me fez sentir amada. Acima de tudo me fez perceber como sinto falta de estar mais ao lado de vocês, de compartilhar mais momentos, de dizer mais o quanto são importantes na minha vida. O quanto eu amo cada um desses personagens da minha história...

Vivo hoje um momento muito especial – a realização de um sonho – e o mérito maior de conseguir isso não é meu. É ainda mais de vocês, que conquistaram tudo que conquistaram tendo vindo de onde vieram, que nunca se assustaram com as dificuldades, que souberam vencer todas e superar cada nova que aparecia, que me ensinaram a lutar pelo que queria e não desistir. O meu maior orgulho não são as conquistas que tenho e sim o fato de poder dividi-las com vocês, que são mais que meus ídolos, são meus heróis. E perceber que, além de mim, tem mais alguém seguindo esses passos. Meu irmão – você é a pessoa mais bonita que eu conheço – companheiro que ajuda, apóia, diverte. Não é preciso dizer muita coisa – a gente tem uma sintonia perfeita. Ele é um ser humano superior, costumo dizer, como poucos que conheço.

Desejo que nesse Natal, mesmo que esteja longe, continuemos unidos no que temos de mais bonito – as “nossas” coisas – aquelas que só nós entendemos: as brincadeiras, as piadas, o jeito como nos falamos, as recordações que temos...

E que 2010 nos mantenha ainda mais unidos, mesmo que de longe!

Um beijo grande de uma filha mais que orgulhosa

Barcelona, 22 de dezembro de 2009








Bon Nadal, amb caganers i turrons





O "Caga tió" é o que representa o bom velhinho na Catalunia. Nada mais é do que um pedaço de tronco decorado com uma carinha e um chapeuzinho, que fica escondido nas véperas de Natal embaixo de um pano. As crianças alimentam o tronco para que ele cresça e ofereça, ao final, os presentes de Natal. No dia da comemoração, batem no tronco com um pau e cantam a musiquinha:

Caga tió
avellanes i turró
No cagues arangades
que son salades,
Caga turrons
que son més bons

E alguém escondido embaixo do tronco entrega os presentes aos pequeninos. Dizem que a tradição tem a ver com o fato de o tronco quando pega fogo oferecer luz e calor, que são dois bens importantíssimos, por isso começaram a tratar o tronco como algo que oferece presentes, de todas as formas. Por isso, o tió é quem caga os presentes.

Parece um pouco nojento, mas o "cagar"é algo nobre por aqui. No presépio, se colocam uns bonequinhos com a bunda de fora, na pose mesmo, prontos pra agir. São os "caganers". E só pessoas importantes são transformadas em personagens.

Na feira de Santa Lúcia, a tradicional natalina que acontece aqui - em frente a Catedral e a Sagrada Família -, há caganers do Obama, do Lula, do Messi e do Homer Simpson. Dá mesmo um pouco mais de diversão ao presépio. Olha que bonitinhos!

Desde aqui, 9 graus e chuva, me vou a Andaluzia, onde faz menos frio, para celebrar a cena de navidad, regada a cava e turrones.

Un "Bon Nadal" a todos o "Felices Navidades" !!!





Dando tchau a Portugal

No último dia de aventuras lusas, me despedi de Lisboa desde arriba, no Castelo de São Jorge, com uma vista espetacular da cidade. Dali, um trem rumo a Cascais, o litoral lisboeta. Paramos em locais estratégicos, como a Boca do Inferno, a Praia do Guincho e o Cabo da Roca, o ponto mais ocidental do continente europeu - dava até pra imaginar o Brasil do outro lado daquele imenso oceano. Dei um tchauzinho, de longe.

Para fechar com chave de ouro, um restaurante tipicamente português, com as doçuras peculiares - o garçom nos dava todas as dicas do que devíamos pedir, nos levava ofertas especiais e quando pedimos os pratos principais nos disse que era comida demais, que nos traria o que achava ideal - sem se aproveitar pra nos empanturrar de coisas. E a comida, incrível - pataniscas de bacalhau com arroz de feijão e bacalhau a brás - a melhor pedida. Saudade da comida de casa, de comer com gente zelando por você, como se você fosse uma visita à casa deles. Vinho verde típico, queijo curado, paõzinho quente...

Portugal deixa saudades - palavra que só nós, que falamos português, sabemos explicar o sentido - e um gostinho de quero mais. Não poderia ter tido despedida melhor..



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domingo, 20 de dezembro de 2009

Óbidos - o tempo não passa

Fomos de busão e foi bem fácil. Em uma horinha estávamos lá. Do Campo Grande até Óbidos. Na entrada da cidade, fila de pais com crianças pra visitar a Vila de Natal. O fim do ano é mesmo muito apreciado em Portugal. Pegamos uma mapa simples, que nos mostra nada mais do que 15 pontos de visita, sendo que uns 4 devem ser igrejas.

Óbidos não tem tamanho, mas impressiona. É uma cidade parada no tempo, cercada por uma muralha, e foi parte do dote de uma princesa. É assim, você se casa e ganha uma cidade de presente. Básico. Mas o povoado não tem nada de básico. É muito encantador, com casinhas coloridas dispostas em ruas de pedras e aparentemente fantasma, não fosse pelos turistas. Tem uma castelo transformado em hotel e você pode caminhar por cima da muralha, enxergando a cidade toda de cima. Tem também uma bebida típica, a ginjinha, feita com uma fruta da região parecida com uma cereja...Por um euro, se bebe um "chupito" num copo de chocolate. "Beba a ginja e coma o copo" - propagandeiam todas as barraquinhas. Pedimos logo duas. Isso depois de mandar um bife a cavalo, que ali se chama "prego no prato com ovo estrelado". Huuuum, gosto de comida da casa da minha mãe. Barato, ainda por cima, para os padrões europeus... Sentamos no sol e esperamos o ônibus que nos levará de volta à civilização.

No caminho de volta, os moinhos de vento chamam a minha atenção na beira da estrada. Estão ali, girando e girando, como quem não quer nada, e sem o mínimo esforço, numa cena bucólica, principalmente pra quem acaba de deixar um lugar parado no tempo. Tinha fugido um pouquinho do mundo...

Uma roomate inusitada

De volta a Lisboa, uma tempestade nos acompanha... sinto saudades momentâneas de SP quando buscamos algum lugar pra comer à 1h00 da manhã e achamos só um Mc`Donalds, depois de rodar. Pés massacrados e encharcados, saio de casa em busca da comida parecendo uma mendiga - de vestido por cima da calça e havaianas, pra deixar os pés respirarem, tadinhos... chamo a atenção e não é por um bom motivo... certeza que a caixa do Mc` imagina que eu moro na rua e que as meninas comigo são pessoas caridosas pagando algo pra que eu possa matar a fome. Tudo bem...

De volta, descanso merecido no limpíssimo albergue que escolhemos em Lisboa. Antes disso, um susto: a recepcionista nos disse que ficaríamos num quarto de quatro lugares com três camas livres, o que significava que havia uma pessoa já acomodada ali. Pobre... não esperava que a 1h00 da manhã alguém chegaria pra perturbar seu sono tranquilo. Mas quem ficou mesmo perturbada fomos nós três, na hora em que a hóspede abriu a porta. Afe... fiquei sem reação. Sério. Era tipo a bruxa do 71 despertando de um sono profundo. Não por maldade, coitada da senhora, mas não esperávamos por aquilo. Ela abriu a porta e ninguém falava nada. Então minha amiga pediu "permiso" e entramos. Lógico que sobrou pra mim dormir em cima da velha (na cama de cima do beliche, que fique bem claro). Sempre ficava com as camas desprivilegiadas. Pra garantir uma noite de sono tranquila, coloquei o Ipod no ouvido e já era... Certeza que ela ia roncar e eu não queria ter pesadelos. Já sonhava com Óbidos pro dia seguinte...

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Em Oporto - entre olhos arregalados e palavrões



A Oporto chegamos sem ter onde ficar e embaixo de uma tromba d'água sem fim... Depois de tentar três albergues lotados - afinal era noite de sábado e feriado na terça-feira -, encontramos uma hospedaria. O nome pra mim já revela algo estranho, mas quando o senhor que cuidava do lugar abriu a porta eu fui transportada pra um episódio do Chapolin em que eles têm que dormir uma noite em uma casa "assombrada" que ganharam de herança. Vendo sempre o lado bom da coisa: pagamos 25 euros em três e o senhor respondeu que "sim" às minhas duas perguntas básicas: tem água quente? e cobertor? Negócio fechado.

Dali, saímos pra jantar e parecíamos mais a comida em si: de tão molhadas, parecíamos dois franguinhos, mas o lugar compensou e a comida, entao, nem se fala: arroz de pato, com uma carne X e um vinho do porto, claro, pra acompanhar. Sobremesa não podia faltar. O lugar, chamado Galería Paris, é um restaurante que depois vira um bar. Muito bacana, mas eu e minha amiga Ana nos sentimos em algum momento em um ambiente absolutamente gay. Várias duplas, de homens, sentadas em mesas com luz de velas. Tudo bem. No máximo, seríamos um casal de lésbicas. No pasa nada! E a garçonete, uma gaúcha, nos explicou inclusive que dois caras haviam pedido pra não acender a vela, por favor!

Bom, falando do que interessa: Porto no domingo amanheceu sob um dilúvio. Nada que nos segurasse dentro de casa - ou da hospedaria sinistra. Saímos buscando o roteiro das Igrejas e dos pontos turísticos.

Olhando por cima da cidade é impossível virar a cabeça sem enxergar uma cruz. A cidade é repleta de igrejas, assim como todas que vi em Portugal. E é encantadora. Subindo suas ruas, de casas coloridas, é possível ver o quão antigo é tudo por ali.

Coisa de se admirar e de baixar a pressão - pelo menos a minha - a Igreja de São Francisco, com seus 500 kg de ouro (provenientes do Brasil, muito provavelmente). Visita obrigatória. Baixando a cidade, está o Rio Douro e suas pontes charmosas. Na beira, vários restaurantes de comida típica da região, mais caros e turísticos, claro. Acabamos optando por um pouco mais afastado - pra "ahorrar" uns euros. A pedida: Francesinha - prato típico da cidade, além do conhecido bacalhau. Na verdade, acho que é a versão para turistas pobres, porque consiste em: pão de forma recheado de presunto, queijo, salsicha, linguiça e bife, com um molho um pouco picante por cima e batatas fritas para acompanhar. Foi como engolir uma bomba! Mas delicioso...

Para sair de Oporto, nos esperava o trem de volta a Lisboa, sempre embaixo de chuva. Nossos guarda-chuvas, comprados em um chino por 2, 50 euros, estragaram com o vento ao longo do dia. Nossos pés estavam encharcados. Minha amiga insistia que algo cheirava a cachorro molhado. Acho que era tudo. Mas não importava tanto. Afinal, Oporto é linda e vale a pena mesmo sob dilúvio. Mas se vale um conselho dos locais: visite no verão e ficará ainda mais apaixonado!




Em Coimbra - dentro de um livro



A chegada em Coimbra não foi das melhores. O carro que íamos alugar não rolou e tivemos que decidir na última hora por ir de trem e assim já estaríamos no caminho para Oporto, nossa próxima parada.

Ao chegar na cidade, as malas. Onde deixar? Parece que qualquer cidade em Portugal tem subidas de paralelepípedos como as do Pelourinho em Salvador ou das cidades marcadas por Aleijadinho em MG. Na verdade, esse é um dos maiores charmes de todos esses lugares, elo menos para mim, mas naquele momento dificultava nossa vida.

Depois de 3 dias no país e de perceber a maneira doce dos locais, tinha certeza de que conseguiria um "jeitinho"pras malas. Batemos na porta de um hotel perto da estação, onde perguntamos se podíamos deixar nossa mala ali, pelo período da tarde. A senhora, que veio limpando a mão no avental (estava almoçando, e por isso não havia ninguém na portaria, muito típico), nos disse que ali não, mas que havia uma padaria na esquina onde poderíamos. E assim foi, por 2 euros cada, deixamos nossas malas pelas quatro horas seguintes - o suficiente para percorrer e admirar uma cidade praticamente deserta. Era sábado e Coimbra é uma cidade universitária - a universidade mais antiga e tradicional de Portugal. Ali chegamos a Sé - todas as cidades têm a sua - entramos nos corredores utilizados pelos alunos desde séculos, vimos salas de avaliação muito parecidas a igrejas, visitamos uma biblioteca repleta de ouro e admiramos de dentro do pátio a vista de cima da cidade.

Baixamos até o rio Mondego, cruzamos a ponte de Santa Clara e paramos em uma doceria, onde se podia beber Guaraná Antarctica por 1 euro, mas eu preferi o típico da região: um pastel de Tentugal - recomendação da dona - outro pedaço de perdição - o mais doce possível concentrado em uma área bem menor que a palma da minha mão e no ponto pra não querer mais açúcar na sequência, mas ficar com um gosto de quero mais, amanhã e depois e depois...assim como de Coimbra, porque o inverno dificulta um pouco as coisas.

Tudo, ou quase, fecha as 17h, quando já está praticamente escuro - e por isso não vimos a Portugal dos Pequenitos - uma cidade toda em miniatura, para crianças, mas que eu, claro, queria ver - , nem a Fonte dos Amores onde, conta a História, foi assassinada Inês de Castro, pelos que se opunham ao seu relacionamento com o Príncipe Pedro. Razões políticas. A lenda que segue é que o sangue de Inês teria manchado as pedras da fonte, que até hoje são avermelhadas. Mesmo não podendo ver, não pude deixar de me sentir um pouquinho mais perto de Camões - e de recordar o "Inês é morta". Fica mais fácil entender as histórias assim, né? E muito mais enriquecedor. Mas também senti um bocado de orgulho por estar ali - e saber quantos pés já tinham pisado aquele chão, quanta riqueza cultural abrigam aquelas ruas íngremes e quanto de curioso pode guardar uma simples fonte, dentro de uma quinta, escondida do outro lado do rio.


quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Sintra - suas lendas e verdades






De trem de Lisboa, acho que não leva meia hora...mas é aprazível, não se percebe...só que faz muito mais frio ali e começam os ares de mistério... De verdade, eu não vi nada revelador, mas Sintra, uma cidade pequenininha, cheia de charme e gostosuras, conserva também um série de lendas - de fadas, bruxas e jovens enfeitiçados. Isso dizem os portugeses, mas não veio no ingresso que eu comprei pra entrar no Palácio da Pena e no Castelo dos Mouros. Disso eu posso falar, e bem. É encantador! No Palácio da Pena, as camas estão arrumadas com suas colchas do século 19, a louça está sobre a mesa e nos espelhos é quase possível imaginar o reflexo de quem ali se penteava ou admirava (não acho que eles usavam pra espremer cravos, como eu, ops, perdão, desvio do tema)...É tudo assim mesmo, muito poético. Eu me arrepiei quando entrei no quarto da rainha - praticamente uma casa, de tão grande. Duas curiosidades: a cama da rainha era maior que a do rei, porque, sim, ela era maior que ele; e o palácio, que foi o retiro dos últimos reis de Portugal, é abarrotado de móveis, mas abarrotado mesmo, com cadeiras por todos os cantos, várias no banheiro inclusive, porque eles não gostavam de ter vazios dentro de casa...



Fora o Palácio, há ainda o Castelo dos Mouros, que são ruínas do século 8, e tudo está dentro de imensas áreas verdes, no alto da montanha, o que deve mesmo criar um clima meio sinistro com o escurecer...



Com um só dia, como eu tinha, vale a pena visitar o da Pena (trocadilho infame) e as ruínas, mas não se pode perder, de forma alguma, a Rua das Padarias - não podia ter nome melhor - onde é obrigatório visitar a "Periquita" e comer ali um "travesseiro", doce famosíssimo da cidade. Imagina a cara do guarda do Palácio quando eu perguntei pra ele: "Vem cá, o que é mesmo a Periquita?" Sáo não foi tão reveladora de surpresa quanto a minha quando eu degustei o travesseiro - era um pedaço do céu, assim como Sintra. Hay que ver!



(E Portugal continua...)

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Em Lisboa



Chegar em Lisboa foi como chegar a qualquer cidade do Brasil. Pegamos um ônibus cheio, uma velha louca já começou a conversar, passageiros simpáticos deram dicas. Continuou assim quando comi coxinha na padoca, quando a recepcionista do albergue nos deixou usar o banheiro mesmo sem ter feito o check-in, quando baixamos pelas grandes avenidas cheias de carros e prédios altos e vimos os enfeites de Natal espalhados pela cidade...

Lisboa se revelou européia quando entramos no trem sem catraca, visitamos Monastérios e Castelos, sentimos o peso da História que a cidade carrega.

E se mostrou extremamente bucólica quando encontramos as margens do Tejo, provamos o famoso pastel de Belém, vimos o por do sol de dentro da Torre e cruzamos com bondes que nos levariam ao alto da cidade, de onde ainda me lembro de imaginar o cheiro do açúcar espalhado nas vitrines e as sombras da arquitetura cheia de memória...

Portugal é doce (e os portugueses também)






Portugal me impressionou muito, e em muitos sentidos. Tem cidades lindas e charmosas, algumas paradas no tempo... tem paisagens naturais misturadas à arquitetura, tem história milenar... mas prefiro começar aqui dizendo que o país foi, pra mim, oportunidade de descobrir o quanto os portugeses são amáveis e experimentar a boa comida (muito boa)...

Como brasileira, acho que nunca havia me sentido orgulhosa de ter sido colonizada por portugueses. Talvez carregasse um resquício de raiva pelo que aprendemos na escola, sobre a exploração do nosso país, a fuga das riquezas, nossa falência desde o princípio... Não que uma viagem a Portugal tenha apagado a História, mas o fato é que me senti feliz por ter sido cria dos portugueses, por termos herdado deles, principalmente, a doçura de ser como somos.

No sentido literal de doce, experimentei tudo: Pastel de belém, Travesseiro da Periquita, Queijadas, Tertugal... e minha primeira bocada na Terrrinha, às 10h da manhã, foi uma coxinha na padaria da esquina. Melhor estréia não poderia haver... Portugal vai deixar saudades (como cantam os fados de Amalia) e eu vou dedicar muitas memórias a esses dias com os gajos e as raparigas...




quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

A pegadinha da siesta e a salvação dos chinos


Saí pra fazer umas comprinhas: precisava de uma mala pequena pra viajar a Portugal e de uns potinhos pra colocar shampoo, sabonete, hidratante - essas coisas básicas que não se pode levar em grandes embalagens porque pesa e não passa na bagagem de mão. Meu relógio biológico quase me atrapalha completamente quando chego na rua e lembro que as lojas quase todas fecham às 13h e só reabrem às 17h. Merda! Isso ia dificultar muito a minha vida. Vejo de fora das vitrines, mas não posso entrar.
A siesta realmente funciona - muitas lojas, mas muitas mesmo, das mais diversas, fecham entre 13 e 17h, com pequenas variações no horário. A minha salvação, tanto por estarem abertos o tempo todo, quanto por serem mais baratos, são os "Chinos" - como os R$ 1,99 que temos no Brasil. Eles dominam esse mercado de lojas de pequenas coisas e se pode fazer a festa ali - eu comprei , além do que precisava, um alicate de unha, velas e essencias, um abridor de latas e uma fita dupla face. Oferta bem variada.
É só graças aos chinos e aos pakis, que dominam os pequenos mercados de bairro, que podemos burlar a siesta e comprar também à noite e nos fins de semana! E esses, coitados, tenho a impressão de que não dormem nunca.

domingo, 29 de novembro de 2009

Barça, Barça, Baaaaaaaaaaaarça


OK, eu não quero ser repetitiva e falar novamente do jogo do Barça - e não é por falta de temas, juro que há uma lista esperando pra escrever -, mas o "partido" de hoje merece, muito, um post.
Começando pela ansiedade e pelos preparativos na cidade durante a semana - todos discutem e planejam onde ver o jogo, alguns ainda correm tentando comprar ingressos, ouço história de gente que pagou 300 euros pra entrar no Camp Nou - e pelos momentos imediatamente antes do confronto. Chego no bar indicado duas horas antes, já prevendo dificuldades. Ainda está fechado.. Eu não arredo pé, meu amigo bate na porta... Um dos funcionários, um brasileiro muito simpático, nos diz que está lotado, que as reservas foram feitas cerca de 10 dias antes e me solta um "Isso é Barça e Real Madrid". Me sinto uma principiante. Cogito a possibilidade de ver em casa - tenho TV a cabo, é só comprar o pay-per-view... Saímos do bar e ficamos na chuva pensando no que fazer... 5 minutos depois ele volta dizendo que eu tenho muita sorte - alguém ligou e desmarcou a reserva. Todos se posicionam para ver os tão esperados 90 minutos! Me arrepio denovo quando toca o hino! Odeio Cristiano Ronaldo! Acho o Messi um fofo e Guardiola um charme! O campo, uma beleza! Ouço "Venga, venga!!", "Dale, dale!!" "Nooooooooo!!". Na mesa de brasileiros, comparamos com a emoção de ver o Corinthians jogar, cogitamos a vinda do Messi e vibramos muito no momento do gol! Valeu a pena ficar em pé para muitos. Voltamos pra casa satisfeitos e realizados.
Todos nos sentimos um pouquinho Barça...e queremos mais...



quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Os peixes turcos, o fax e a feijoada


Não sei se é falta do que fazer ou os novos ares de Barcelona, mas minha cabeça aqui funciona a mil. O tempo todo tenho idéias, planos e curiosidades. Uma delas é essa: como funciona um fax? Tudo isso foi culpa de um professor, que citou o fax em aula e minha mente já deu muitas voltas... Afe, supera minha compreensão. Pensa que vc enfia um papel em uma máquina e ele sai do outro lado do mundo, quase igualzinho ao que está na sua mão...
Fiz a pergunta a um amigo que me apresentou ao seguinte site: http://www.howstuffworks.com. Simplesmente digitando a palavra FAX em buscas, consegui a seguinte bíblia: http://communication.howstuffworks.com/fax-machine.htm. Eu entendi mais ou menos, mas não sei explicar, rs... Já que tinha descoberto o site, resolvi procurar mais coisas bizzarras e achei, entre outras coisas, um tratamento de pele chamado "Doctor Fish", que consiste basicamente em colocar uns peixes turcos esfomeados nos seus pés pra eles comerem suas células mortas. É sério, tá aqui ó: http://health.howstuffworks.com/skin-care/problems/treating/doctor-fish.htm. Mas se a idéia não for algo tão, digamos, inovador, e sim mais apetitoso, tem até receita de feijoada: http://recipes.howstuffworks.com/feijoada-completa-recipe.htm. Hahaha, me diverti!


quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Casar ou comprar uma bicicleta?



Não que a primeira opção exista, mas eu to muito mais pra comprar uma bicicleta, ou, melhor ainda, apenas usar e abusar delas. Isso mesmo, uso, abuso e passo pro próximo. Amo a possibilidade de caminhar 50 metros, subir na bike, chegar na faculdade, estacioná-la e entrar na aula. Tudo isso por meros 30 euros por ano. É incrivel! E ainda nao gasto com metrô, faço exercícios e posso sentir o ar gelado que me bate no rosto (que bucólico!). Sabe o que é melhor? As bicicletas estão por toda parte e são respeitadas como veículos quaisquer. Eu hoje abusei... andei na faixa do busão, na da direita, da esquerda e só depois aderi à ciclovia. Só não andei na contramão. Queria ver se levava uma buzinada na orelha. Nada! Foi perfeito... E ainda ajuda a me descabelar um pouco mais, principalmente se sair imediatamente depois de tomar banho... Já pensei várias vezes em tentar um bicing em São Paulo. Será que rola? Já ouvi de um monte de amigos que isso não daria certo e que eu morreria na primeira esquina...mas aqui acho que é tranquilo. Vou aproveitar, então...

A-MUSE-D

Eu tinha ingressos para ir ao show do Muse, que primeiro seria no dia 27 e teve sua data e local mudados por conta do final da Copa Davis. Estava empolgada, mas nada que se compare a quando ia ver o Radiohead, por exemplo. Mas daí tudo é diferente, começando pelo local do show, o Palau Sant Jordi, que fica ao lado do Estádio Olímpico, no meio do Montjuic. Quem conhece esses luagares, sabe do que estou falando. A vista, à noite, é incrível. A fila era perfeita. Ninguém se mexia do lugar. O lixo estava todo dentro do lixo!! Pouco antes do show começar, tentávamos entender qual seria a dinâmica, já que não havia nenhum instrumento no palco. Foi incrível!! Eles saíram do cenário e já começaram tocando uma das minhas músicas favoritas "Unprising". Nessa hora, eu entendi o que estava por vir: fiquei arrepiada durante toda a música. Não esperava ficar tão emocionada e o mais estranho foi que isso se manteve na apresentação de quase duas horas. Mas é quase indescritível...porque a música tem uma energia só deles, o cenário interagia perfeitamente com os músicos e o sentimento das pessoas que estavam ali era incompreensível, mas visível. Eu fiquei de queixo caído, juro... e mais uma vez entendi na pele, "literalmente", como a música é capaz de te atingir de uma forma que nada mais consegue... Amused é a palavra


domingo, 22 de novembro de 2009

Lendo embalagem de papel higiênico


Eu estava entediada no banheiro e reparei que a embalagem do papel higiênico vinha escrita em quatro línguas - espanhol, catalão (a língua da Catalunia), euskera (a língua do País Basco) e galego (a língua da Galícia) Dãã! Achei que era muita informação pra dizer "8 rolos de 21 m", mas tudo bem, faz parte do processo de globalização e manutenção da cultura das diferentes regiões da Espanha, blá, blá, blá...

O que foi mais engraçado, no entanto, é que eu peguei o papel higiênico pra ver onde era produzido (ok, falta do que fazer) e vi uma informação que me intrigou: o rolo, de folhas duplas, é suficiente para 178 servicios!! Como se não bastasse, eles ainda dão uma orientação do tamanho ideal para cada "servicio" - achei o cúmulo da intimidade alguém sugerir o tamanho do papel higiênico que eu deveria usar. Nunca tinha pensado nessa possibilidade.

Olha, eu já fiquei entediada em banheiros no Brasil também e nunca tinha visto tamanha indiscrição. Alguém pode me ajudar a verificar os rolos de Neve e Personal e esclarecer minha dúvida. Nós também sugerimos o tamanho adequado para nossos "servicios" no Brasil?

Além do mais, 178 me parece um número beeeeem alto. Medo

A noite em Barcelona

A noite de Barcelona tem suas peculiaridades. Há muitas opções de discotecas, todos os dias da semana, desde locais "pijos", como a Sutton, aonde vão os jogadores do Barcelona, até pequenos "antros"na Vila Olímpica, onde não se paga nada pra entrar, mas 90% do público é de menores de 18 anos e a qualidade da música bem duvidosa... O esquema, se quiser entrar nos locais mais nariz empinado (há muitos), é colocar o nome na lista. Há várias delas na internet, em comunidades no facebook, por exemplo. Depois de um mês aqui já aprendi que não se paga pra entrar em lugar nenhum. Mas é importante se planejar antes. Tudo começa a ficar cheio depois das 2h, e as listas vão até 2h30/3h, mas aí é pontual, 2h31 e ninguém mais entra. Como é muito comum ir de um lugar pra outro - jantar, copas e depois dançar - é fácil se atrasar e daí ficar perdido na noite, literalmente. Outra grande chance é passar do horário na hora de comer. 0h é quando a maioria das cozinhas fecha, algumas a 01h, com sorte. Claro que sempre tem uma opções de kebab (o nosso sanduíche grego do Brasil) ou de tapas, mas nada com grande qualidade ou charme que eu ainda tenha descoberto (ainda há muito tempo, eu sei). O mais legal de tudo é que vc pode sair de um lugar desses "pijos", como a Sutton ou a Opium Mar, com lustres de cristal e água a 5 euros (que eu me recuso a comprar, claro) e pegar o NIT Bus, que funciona durante toda a madrugada e te deixa pertinho de casa, por menos de 1 euro. Quem me conhece sabe que eu jamais iria nesses lugares bancando do meu próprio bolso. Como não me faz falta beber, é fácil sair à noite e gastar só o busão. Como eu adoro experiências antropológicas, aceito os mais diversos tipos de convite e programas, até porque a vida só se vive uma vez, principalmente em Barcelona, com nome nas listas onibus na porta.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Marcas blancas


Acho que ainda não falei do meu curso nesse blog - falha nossa -, mas hoje tive uma aula que vale muito um post! Foi a primeira de Marketing e eu me peguei muito empolgada querendo fazer intervenções e comentários. Um dos casos discutidos foi Dove e eu fiz questão de meter o bedelho, mas me descobri especialmente interessada nas tais "marcas brancas", que são aquelas que levam o nome do supermercado, como a gente tem no Brasil no Barateiro e no Extra, por exemplo. Desde que cheguei aqui, ouvi falar diversas vezes sobre os diversos supermercados que vendem particamente apenas marcas próprias, como Mercadona e Consum, onde aliás fiz minha primeira compra, compra. É um sucesso na Espanha. Segundo o professor, 40% dos produtos consumidos no país são de marcas brancas. Daí eu vi a possibilidade das grandes corporações uma hora desaparecerem, ou melhor, se transformarem em outro tipo de grandes corporações. Enfim... não faço previsões mercadológicas, mas sei que esse tema me interessou muito e me abriu muito os olhos para o mundo marketeiro nesse sentido - de entender o mercado e os hábitos de consumo da galera. ... tudo bem que aqui eu sou mais pobre pois não ganho em euros, ou melhor, não ganho em nada, mas eu sequer considero as outras opções, como a marca branca é sempre a mais barata, eu acabo levando! Huuuum, vou dar uma fuçada nisso...

Las películas


Na Espanha, praticamente não existe o idioma inglês. Eles falam uma espécie de espanglês, com um sotaque que é bem peculiar deles, e isso acarreta um outro problema. Eles não gostam das atrações legendadas, sejam séries ou filmes, o que dificulta um pouco na hora de ver TV ou mesmo de ir ao cinema. Em Barcelona há algumas opções de filmes em língua original e eu fui ver "Malditos Bastardos", do Tarantino. No cinema, lá vem a máquina pra vender ingresso com cartão, a mesma simpatia de sempre dos atendentes de aqui e uma interrupção no meio do filme, que parou e as luzes se acenderam. Em ritmo de "estresse" espanhol, um dos espectadores levanta e aproveita para comprar "palomitas" e, quando volta, 5 minutos depois e nem uma reclamação em voz alta, pergunta se ninguém veio explicar nada do que tinha acontecido. Quando todos riem, ele volta pra comprar mais pipoca. Logo mais, o filme recomeça e todos voltam a suas posições iniciais. Aliás, sentei na ponta da poltrona chegando ao final da história. Quanta tensão! Muito, muito bom! (fiquei imaginando os palavrões que ouviria o projetista do Cinemark do Shopping Santa Cruz, nesse caso, rs)

domingo, 15 de novembro de 2009

Funk como le gusta

Se tem uma banda de que eu gosto, é essa: Funk como le gusta. E se tinha um tristeza por nunca tê-los visto ao viso, não tenho mais: na semana passada vi um show do FCLG aqui em Barcelona. Não preciso nem dizer que foi incrível e que 98% das pessoas do lugar eram brasileiras, exceto pelo segurança e os bartenders.

A música versão cubana já foi golpe baixo, merece o vídeo:


Não tem como não gostar. Até os espanhóis ficaram bem impressionados! :-)

E o vento levou, mas os pakis devolveram

Eu já contei parcialmente a história de que o meu casaco havia saído voando. Pois bem! O que já era surpreendente, ficou ainda mais... vamos lá...
Preparando-me para o inverno, busquei uma oferta de proteção e adquiri, por 35 euros, uma boa opção. Como tudo que é barato tem seus contratempos, o famigerado cheirava um pouco a pó e resolvi colocá-lo no varal pra dar uma "arejada". Só não contava que o vento o levaria pra passear pela vizinhança. Pois é. Quando voltei ä minha casa no fim do dia, nem rastro de casaco. Com esperanças, bati na porta da vizinha, que não tinha visto nada passar voando e nem aterrisando no quintal dela... suspirei...
No dia seguite, no supermercado embaixo do meu prédio, pergunto ao paquistanês do caixa se por acaso ele não sabia de um casaco perdido e ele me disse que sim, que a vizinha o havia encontrado e que me devolveria. Não acreditei! Como não tive sorte ao bater à porta da salvadora, pedi que ela deixasse o bendito no mercado e eu voltaria a buscá-lo. Dito e feito. Um dia cheguei lá e o paquistanês repetiu: "chaqueta, chaqueta". E ele voltou para as minhas mãos, ainda no cabide, com um pregador a menos e o mesmo cheiro de pó. Acho que será melhor mandar lavar...

Buscam-se modelos de mãos

Eu começo a procurar emprego. Ainda meio de leve, me inscrevo em alguns sites, coloco a foto no currículo, dou uma olhada nas ofertas. Como logo mais chega o Natal e o Ano Novo e com isso umas merecidas férias da faculdade, que começou há menos de um mês, decido tentar algo mais informal e me cadastro no site de vagas para azafatas - que seriam recepcionistas, modelos para cortar cabelo, fazer aqueles samplings em supermercados, nada que exija mais esforço que um salto no pé e alguns sorrisos. Pois não encontro nada a que possa me candidatar, mas dou umas boas risadas, como com um anúncio que busca modelos de "manos" para um spot.
Olho bem pra minha, ainda com umas cicatrizes, e tenho certeza de que não vão servir, mas ainda assim fico me questionando com seria a mão ideal para a publicidade e juro que não consegui imaginar mas quem viu vai lembrar de um episódio do Seinfeld que fala sobre isso. George é escolhido como modelo de mãos. Vale muito a pena ver! :-)

pra quem quiser conferir o anúncio:

http://www.azafatasypromotoras.com/ofertas/250402/

URGE MODELOS DE MANOS PARA SPOT
Fecha de la oferta: lunes, 09 noviembre 2009
Núm. inscripciones: 61
Canal: Retail
Categoría: Otros
Agencia: AGENCIA AZAFATAS CATWALK
Provincia: Barcelona
Localidad: BARCELONA
Urge modelos de manos para spot en BARCELONA, casting dia 11-11-09 de 11-13 de la MAÑANA.INTERESADOS mandar cv y fotos donde se vean bien las MANOS!!!!!! A: madrid@catwalkmodelspain; remuneracion ; 170€ NETOS REF: modelo de manos

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Lebre do Pirineu - 15 euros/kg


Depois de ter meu quarto, minha casa e o início de uma vida em ordem, decidi "empezar" a ser turista em Barcelona e "comecei" por um passeio pelo Mercado da Boquería, nas Ramblas.

Ali a expectativa era encontrar uma versão local do Mercado Municipal que temos em São Paulo, um pouco mais antiga, claro, e com as cores e os aromas locais.

Jamón era o mais comum que eu eu imaginava ver, mas o que mais me chocou não foram apenas os frutos do mar de ponta cabeça mexendo as patinhas, argh!!, e sim os coelhos, pelados ou com pelo, pendurados nas vitrines.

Acho que sou daquela teoria de que o que os olhos não vêem o coração não sente, porque eu como carne, sim, mas nada que venha na embalagem original, tipo uma rã ou entao um coelho. Acho que uma ilustração ajuda, nesse caso (arriba)
O bom é que, no final do mercado, comprei dois pacotinhos de pão de queijo pra assar em casa e fiquei feliz denovo! Pobres conejos :-(


Barça, Barça!!

Eu queria muito ir a un "partido"do Barça. Não só porque adoro futebol, mas porque o Barça é o Barça e o Camp Nou é o Camp Nou!

Vou dizer, fazia um frio de 12 graus, fora o vento que detonava qualquer cabeleira e fazia a galera gritar descendo do metrô em direção ao estádio. Vou dizer mais, valeu a pena ainda assim.

O jogo, contra o time do Mallorca, quinto lugar no campeonato espanhol, foi bonito. 1x0, 1x1, 2x1, 3x1, 4x1. Ufa! Nem esperava por tanto. Um 4x2 no fim pra não ficar tão chato...

Mas é diferente pra quem tá acostumada a ver Corinthians no Pacaembu. E olha que eu assisto nas cadeirinhas, viu, lugar de menina no estádio. No Camp Nou, enooooooooorme, todos estão sentados, impressionante. É lindo de se ver! A galera se empolga com o hino no começo. É emocionante até pra mim, que canto o que consigo pronunciar de catalão. Mas não rola aquele xingamento todo, ou aquela gritaria do futebol brasileiro. Não sei se era um jogo mais tranquilo talvez, pode ser. Eu soltei uns "hijo de la puta" para o juiz, rs... mas foi só graça...

O que sei é que é lindo de ver, mesmo que não seja de dentro. A cidade pára quando o time joga! Sou Barcelona desde criancinha... os ingressos de 7 euros que me aguardem :-)

terça-feira, 10 de novembro de 2009

O edredom

Eu não diria que sou uma pessoa simplesmente desastrada, diria que sou também distraída e desatenta, às vezes, mas o que importa mesmo é que fui até a IKEA, uma loja de móveis e tudo pra casa - tipo uma Tok Stok, porém maior e muuuuiiito mais barata. Precisava comprar um edredom - ou a famosa manta. Chegando lá, olhei todos os modelos e escolhi uma. Preço ótimo: 16 euros! Até achei a embalagem bem compacta, mas pensei que eram segredos da tecnologia local, rs...Quando chego em casa e vou, emplogada, abrir meu novo "aquecedor", cadê? O que eu tinha era, na verdade, apenas o que ia em volta do edredom, uma capa. Pegadinha?
Descubro depois que aqui eles vendem tudo separado, afeee, e que eu teria que comprar o conteúdo..., rs. É pra ser mais fácil na hora de lavar e tal...
Decido deixar pra depois e, por uma dessas coisas da vida, ou de morar em uma casa-hotel, no dia seguinte descubro embaixo da minha cama uma caixa - modelo de açougue - com o que viria a ser o conteúdo do meu edredom. Fiquei aliviada! O problema, até agora, tem sido organizar a espuma dentro da capa. Juro, não consigo. Tentei até entrar no negócio e empurrar. Não dá! Tá todo empelotado, mas por enquanto esquenta...

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

As máquinas


Uma coisa que me impressiona aqui é a ausência de pressoas trabalhando e a enorme quantidade de máquinas que as substituem - bilhete no metrô é básico, não existe a possibilidade de comprar das mãos de um ser humano e você pode pagar direto com cartão de crédito - fico imaginando aqueles velhinhos que vemos sofrendo nos caixas eletrônicos no Brasil, ainda não sei como eles fazem aqui, mas eu não os vejo...

No pedágio, saindo de Barcelona, por exemplo, você paga um valor - cerca de 1 euro - mais à frente, em outro posto, recolhe um cartão e no próximo pedágio vai colocar o cartão e pagar de acordo com a quilometragem percorrida - isso sempre com a ajuda das simpáticas máquinas.

Mas o mais surpreendente pra mim foi a do estacionamento em Cadaqués - não tem ninguém pra receber seu carro, manobrista, então, nem pensar, né - e a cobrança é feita por minutos!! Ave, depis do carro parado por horas, chegamos e vimos isso, ainda calculando em euros, fudeu!
rs


Taí a prova!

Às compras

Durante a semana, botar a vida em ordem. Ir ao supermercado aqui exige atenção - coisa que constantemente me falta - é preciso se lembrar de levar a sacolinha de casa, pra não pagar pelos prejuízos ao meio ambiente - ou o super vai te cobrar pela sacola. Dei sorte nesse dia e eles não cobravam, mas de qualquer forma, já comprei a minha retornável. O mais engraçado, no entanto, é comprar as coisas em catalão - muitas vezes eu não sabia o preço porque estava com a etiqueta fora do lugar. Ah, prefeira comprar outra coisa, rs... No final, carrinho cheio, precisei pesar tudo que era fruta, legume. Eles supostamente confiam na gente, porque você mesma vai lá, digita o código do produto e sai a etiqueta com o preço. Acho que no Brasil não ia rolar, né?

Casa nova





Depois do fim de semana intenso ainda me esperava uma mudança. O que eu não esperava é que a casa toda estaria de cabeça para baixo, com a saída de alguns dos membros e a chegada de novos, como eu. Minha cama, aconchegante e acolhedora, já não existia mais, assim como também não estava ali a TV, a geladeira e outras cositas - detalhes. Passei a noite "arreglando" gavetas e dando uma cara mais minha pra um quarto tão internacional quanto Barcelona. Vai saber quantos por aqui já passaram. O importante é que agora tenho meu próprio balcão, ou melhor, mi balcón en Barcelona!

domingo, 8 de novembro de 2009

Viagem de meninas




O fim de semana incluiu noite em Cadaqués, com direito a botellón - a prática dos espanhóis de beber nas praças e parques - com duas garrafas de vinho, compradas no supermercado a preços suuper acessíveis, rs. Sábado, subimos uma montanha rumo a um Monastério isolado beeem lá no alto - o que me faz pensar em como (e por que?) eles faziam pra carregar tantas pedras lá pra cima e, pior, empilhá-las - além do que devia fazer um frio dos infernos lá, meu Deus... Mas o lugar era lindo e a vista, demais. Confesso que suei um pouquinho com as curvas da subida que não terminava nunca - parecia um filme do 007. Domingo de visita a um museu de Dalí em Figueres - entre e casa e o museu, a dica turística é a casa - dá pra conhecer muito mais da personalidade do artista, me pareceu. De volta a Barcelona, volto dirigindo. Afogo o carro algumas vezes e quase atropelo uma chinesa no farol, mas chegamos vivas, ufa! Era só falta de prática.

Em Cadaqués







Esse é o lugar no qual Dalí escolheu viver - Cadaqués, um pueblo a cerca de 200 km de Barcelona. Ele era um artista completo. Pensava como artista o tempo todo. Sua casa tinha detalhes que eu jamais imaginaria, como uma sala redonda que dava eco bem no meio - devia gostar de uma suruba, certeza - e uns espelhos que refletiam nsa cama quando o sol nascia, além de dezenas de ovos, de todos os tamanhos, espalhados por todos os cantos (dizem que por conta de sua suposta infertilidade). Mas o melhor de tudo, e aí tenho que dizer que me identifiquei com ele (quem conhecia minha mesa de trabalho vai entender o que eu digo), é que ele tinha um monte de cacarecos na sua casa - a impressão que eu tive é de que ele guardou todos, mas todos mesmo, os presentes que ganhou na vida e colocou tudo na sua casa - podia ser uma caneta velha, uns óculos quebrados, uma garrafa de plástico - tudo tinha seu espaço e virava objeto de decoração. Uma mistureba só, mas divertida! Logo na entrada, um urso do meu tamanho quase - pra ir entrando no clima! Vale a pena. E com aqueles olhos esbugalhados que ele tinha e o cabelo meio em pé, eu diria que tinha mesmo uns parafusos a menos ou a mais, sei lá. Que bom!






E começo a desfrutar...

A segunda semana já é mais tranquila, de vez em quando dou uma olhada num site de empregos, atualizo meu currículo - e percebo que não tenho nenhuma foto séria pra colocar nele-, mas decido que de verdade só quero trabalhar a partir de janeiro, quando já terão passado minhas férias de Natal e Ano Novo (20 dias!). Sendo assim, me dedico a decidir um roteiro pro femigerado fim de ano: Paris? Frio demais! Sul da Espanha e Marrocos - caro demais e perigoso pra duas mulheres solas (Camila, minha amiga de sala brasileira vai me acompanhar na jornada). Decidimos então, por enquanto, fazer um tour pela Espanha - norte, centro e sul. Roteiro ainda em preparo. Eba! Natal em Valência e Ano Novo em Sevilha? Parece bom! Mas calma, ainda temos o fim de semana em Cadaqués - próximo post.

Madri

Meu primeiro fim de semana por aqui foi em Madri! Sem casa pra ficar em definitivo e com saudades da minha amiga Ana, corri pra lá. De busão, oito horinhas - nada que a experiência de anos viajando e um Dramin não solucionem. Perfeito. Amei a cidade, que já tinha visto uma vez, mas quase de relance. É linda, linda, com suas ruelas cheias de prédios antigos, ruas de tijolinhos epraças lotadas de gente pra lá e pra cá. Conheci um pouco da tal "marcha madrileña", que consiste basicamente em beber e beber em casa até tarde da noite e depois seguir de disco em disco, até beeem da manhã. Meu Dus, quanta energia têm esses espanhóis. No dia seguinte, quase não me levanto. O melhor foi que comecei a comer bem ne Espanha - tinha sofrido um pouco até então e Ana me levou pra conhecer coisas muito legais da cidade. Na segunda, quando só tenho aula no fim da tarde, passo o dia no busão de volta. De olho na estrada, vejo que tenho muito por onde rodar ainda...pés que coçam

Primeiros passos

Minha primeira semana em Barcelona foi dentro de casa buscando isso mesmo: casa. A indústria de "alquiler de piso" funciona. Você busca em alguns sites, marca uma visita e, dependendo do caso, se submete a uma entrevista. Eu tive sorte até. Depois de 3 visitas a lugares que não me agradaram - seja por um abacaxi podre dentro do quarto de um dos habitantes ou pela falta de janela nas "habitaciones" - encontrei o que seria minha morada, nem que fosse provisória - um quarto num apê dividido com mais quatro chicos - dois espanhóis e duas portugesas. Senti boa ernergia - e isso é o mais importante, mas também tinha um balcão lindo - mi balcón - além de banheiro e cozinha grandes e um salão com uma janela enorme - onde eu me sento para comer e fico olhando o reflexo do sol nas janelas vizinhas. Eu quis na hora, mas me fiz de difícil e liguei depois de uma hora pra fechar. Só teria que esperar mais uns 10 dias pra me mudar, porque o piso tinha "overbooking". Tudo bem. Quase tudo que é bom é mais difícil. Aceitei.

Precisa dizer?


Minha chegada a Barcelona foi bem à minha moda: perdi meu celular nos primeiros 20 minutos, no táxi muito provavelmente. No dia seguite, fui à aula no lugar errado - pequeno detalhe, era só do outro lado da cidade. Conclusão: cheguei ao lugar correto com duas horas de atraso e sem moral, já no primeiro dia. Mas, no meio do caminho, algo me fez esquecer minha falta de atenção por um momento: eu vi, pela janela do ônibus (o que é o mais peculiar), a Casa Bartló e fiquei arrepiada imediatamente. Chorei. Porque naquele momento entendi tudo que estava prestes a viver - eu iria olhar para o lado da janela do ônibus e me deparar com arte em todos os cantos, além de uma arquitetura de tirar o fôlego. Todos os dias, quando saio da estação de metrô onde vivo - uma placa me diz "Parque Guell - 1300 metros". Estou guardando essa pra depois. Sabe como aquele picolé que você gosta tanto que não quer que termine?

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O começo

Vim a Barcelona para uma temporada de vida diferente... queria conhecer a cidade onde sonhava viver (até então eu não sabia porque, agora digamos que posso sentir), queria me dedicar um pouco aos estudos - fazer uma pós-graduação, melhorar meu espanhol - pelo qual sempre fui apaixonada -, mas também queria descansar um pouco, ter um estilo de vida diferente e, claro, viajar por perto e, se possível, por longe - afinal viajar virou coisa séria pra mim, profissional, mas eu estou apenas começando...

Pra começar de verdade, esse blog já deveria estar valendo há quase três semanas, que foi quando eu cheguei aqui, mas sabe, né, as coisas burocráticas sempre passam na frente na nossa vida e voocê acaba deixando o mais gostoso pra depois.

Mas aqui, onde meu lado mais relaxado tem oportunidade de desabrochar, tenho muita vontade de escrever, de contar o que acontece comigo, o cheiro que as coisas têm, as cores que enxergo... vou tentar, a partir de agora!