quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Ser feliz e mais nada...

Uma das minhas paisagens preferidas de Barcelona
Casa Bartlló

Sabe quando eu percebo que estou feliz? Quando meu nível de distração atinge níveis insuperáveis e eu nem consigo me irritar comigo mesma. E olha que poderia. Frequentemente passo da estação de metrô onde tenho que baixar, pensando na vida; isso quando não pego o trem para o lado errado - também acontece; ou quando saio de casa e esqueço a chave dentro e fico torcendo pra alguém abrir a porta quando eu voltar.

Também notei isso hoje quando abri a janela de manhã e vi o sol dando bom dia. Sorriso indomável. Na bicicleta, rosto gelado, duro de frio, mas não inexpressivo. Minha realização era visível em cima daquela magrela, mochila nas costas. Achei que alguém mais tinha percebido, porque um homem, na rua, falou "bon día" (assim, em catalão) e eu respondi, achando o máximo da simpatia - quase impossível para os padrões locais, ainda mais àquelas horas da manhã - e só depois reparei que não era comigo, óbvio. Tentei engolir o sorriso, mas não conseguia.

Minha vida basicamente deu um giro ao contrário. Enquanto ouço minhas amigas dizendo que estão comprando apartamento (em uma semana foram quatro), eu voltei a ser apenas uma estudante, que faz trabalhos em grupo, cozinha para si mesma, acorda cedo pra estudar outro idioma e torce pra conseguir um estágio suficiente para pagar apenas o aluguel. E essa é na verdade o que há de mais rico no meu dia a dia, simplesmente pelo fato de que isso foi tudo que eu desejei nos últimos anos. Não o salário baixo, o adeus à poupança ou o medo de minha grana acabar antes do verão, mas o contexto da situação.

Viver em uma das cidades mais bonitas do mundo - onde não chove por mais de dois dias seguidos -, estudar só aquilo que "me gusta", começar a vida do zero, conhecer pessoas incríveis dia após dia, ter amizades adolescentes. Ser uma pessoa leve. Não há nada na vida como a realização de um sonho. Quando as pessoas me perguntam se estou feliz, não digo a elas que façam o que eu fiz. Digo que façam o que lhes faz acordar de manhã, aquilo que esperam há muito realizar e principalmente aquilo que dá um medinho, uma coceira. Porque esses são os melhores sonhos, que nos tiram da bobeira da rotina e nos fazem enxergar a vida com outros olhos, sentir cheiros antes imperceptíveis, saborear cada pedaço do dia, sem pensar em deixar o melhor para o final. Aproveitando o agora!

5 comentários:

  1. Acredito tambem que a realização de um sonho faz com que os problemas da vida fiquem menores e a simplicidade do dia a dia se torne cada vez mais importante.... esse é o real sentindo de viver!!!

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  2. E o principal é que quase sempre nesses pequenos detalhes (o sol no rosto, o cabeçalho de uma carta) é que sorrimos ao lembrar do que estamos a realizar.
    Molt bé! Baccio!

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  3. Que fofa, Jaque. Amei. Amei saber que está bem e feliz. Seu texto dá vontade de ir procurar o que faz a gente sorrir. Beijosss

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  4. Que lindo o texto Irmancha! Fico tão contente em te ver bem. Vc merece cada segundo aí, realizando seu sonho.
    Que essa vontade jovem permaneça sempre contigo, onde quer que vá!

    Saudades da Manoelita :)

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  5. acabo de me sentir outra vez como me sentia há pouco mais de 2 anos, quando cheguei por aqui!
    e isso se agradece muito.

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