quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Em Granada, perdida no tempo

Albacín visto da Alhambra

Alhambra vista do Albacín


Viagem longa, estudantes desempregadas (pelo menos eu), decidimos economizar de todas as formas possíveis. Reservei o que seria o busão do inferno. Saindo de Valencia as 23h do dia 25, chegaríamos a Granada às 8h da manhã do 26. Não dormi um só minuto durante toda a noite. Eram bebês se esgoelando, pais desconcertados sem saber o que fazer, passageiros árabes gritando línguas estranhas ao nosso lado. Gritando. Pessoas saindo pra comer e voltando com suas iguarias de cheiros peculiares. Eu fiz isso, me enfiei na Lays sabor jamón ou sei lá o que, descasquei duas mexericas e contribuí pra enfestar o ar.

Chegamos em Granada ainda escuro e chovendo. Melhor, caindo o mundo. Achamos o albergue em meio às ruas de paralelepípedos. Minha coluna rompida e minha conta bancária não me permitiram ainda adquirir um mochilão. Tinha uma mala de rodinhas. Imagina.

No hostel, fomos super bem recebidas, recomendo: Oasis Granada. Festa sem fim, jantares comunitários, "buen rollo" garantido. Café da manhã disponível, mesmo sem fazer o check-in, no esquema faça você mesmo (lave sua própria louça, inclusive). Adorei!

Saímos para a Alhambra nesse estado de conservação, sem dormir, pés encharcados (eu não, já que tinha adquirido um tênis impermeável, preparada para o que viria), guarda-chuva a postos.

O Palácio é absolutamente impressionante. A maior construção de arquitetura árabe no mundo ocidental. E olha que só na Espanha já são muitas. Dali começamos a sentir a importância e a influência dos árabes na região, não só nas construções, mas na comida (cenamos em um deles, pra fazer sentido), nas lojas de artesanato.

Mais que a Alhambra, que já vale muito a visita, Granada tem muito de magia no ar. Não saberia explicar, mas fez com que ela fosse a segunda da lista de preferidas, ao final da viagem. Talvez seja também pelo Albacin, bairro antigo da cidade, onde ficamos hospedados. Suas ruas curvas, de pedras, e desertas, parecem te levar a lugar nenhum e te transportam imediatamente para o passado - tempo em que os muçulmanos dominavam a cidade e boa parte do país.

Não é mágico sentir que você faz parte dessa História por alguns momentos? Eu lembro de ouvir isso tudo sentada na minha cadeira de escola, quando criança... Estar ali, vendo com meus próprios olhos, é muito mais que ilustrativo.

A cidade é incrivelmente especial e ainda reserva curiosidades como casas dentro de cuevas (cavernas, diríamos), que eram anteriormente habitadas por ciganos, e hoje são habitações regulares, supermercados (foi assim que conseguimos conhecer uma delas. Compramos uma água e pronto, nem entramos no museu). Basicamente são casas cujos tetos, de pedra, são naturais, não foram construídos, se não adaptados.

Granada mexeu tanto que mudamos a passagem do ônibus para ficar mais, mas logo tivemos que ir. Com vontade de ficar, seguro...Mas também é sempre bom ficar com esse gostinho de quero mais...


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